Profissional em extinção?
O
panorama atual do biólogo no mercado brasileiro.
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por
Renan Garcia de Oliveira
por
Renan Garcia de Oliveira
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Quando
perguntados em relação ao vínculo profissional atual, 60% dos biólogos afirmaram não possuir carteira assinada ainda; destes, 70% estão matriculados
em algum curso de pós graduação no país e 30% estão, de fato, desempregados. É
um número relativamente alto e, torna-se mais impressionante, quando separamos
esses dados em relação aos profissionais formados no ensino privado e os que
obtiveram seu diploma por uma universidade pública. Pode-se observar que o
número de biólogos que estão empregados, e também os desempregados, é maior
entre os profissionais formados na universidade privada, em relação àqueles
formados na universidade pública. Isso porque 82% dos biólogos formados na
universidade pública dão sequência aos estudos na pós graduação, o que leva a
sugerir que o número de desempregados poderia ser ainda maior. Com relação a isso, ficam algumas questões a serem
debatidas: será que os alunos que vão para a pós graduação estão, de fato,
preparados e engajados na carreira acadêmica ou essa seria apenas uma opção de
mercado? Existiria, entre os biólogos, um certo medo ou resistência
ao mercado de trabalho?
Em
relação a remuneração desses profissionais, segundo a Instrução N° 09/2010 do CFBio,
o salário base do biólogo deveria corresponder a 6 salários mínimos vigentes, o que hoje (março/2014) seria de aproximadamente R$ 4.344,00. No entanto, a realidade
observada é bem diferente. De acordo com os entrevistados, 40,8% disseram ser
remunerados na faixa de R$ 2.000,00 a R$ 3.000,00
o que equivale a aproximadamente 2,76
salários mínimos atuais. Ou seja, estão recebendo 2 vezes menos o que, de fato,
deveriam receber. Vale ressaltar que, nessa questão, não houve a separação
entre biólogos empregados e aqueles que estão cursando a pós graduação, sendo
assim esse dado poderá estar, ou não, sub ou superestimado, uma vez que o valor
de uma bolsa de mestrado e doutorado, no país, está inserida nessa faixa
salarial.
Para finalizar, perguntamos
aos entrevistados se estavam satisfeitos com a sua profissão e, ao todo, 44,8%
disseram não estar satisfeitos com a sua condição, sendo que 7,8% deles
afirmaram que pretendem mudar de área futuramente. A maior parte dos
entrevistados (52,2%) afirmaram que estão satisfeitos, no entanto acreditam que
o biólogo deveria ser mais valorizado; e, apenas 3% dos entrevistados, disseram
que o mercado de trabalho superou suas expectativas.
Contudo, não sei se é possível afirmar que
fiquei surpreso com este resultado, pois, na verdade, as experiências vividas durante
a graduação permitiram ter uma pequena noção de como as coisas andam para a
Biologia. Atualmente, uma grande quantidade de novos cursos surgem em diversas
universidades do país, voltados a áreas mais específicas da Biologia,
limitando, cada vez mais, o campo de atuação do biólogo, dominado por engenheiros
e por pessoal de formação técnica em alguma área específica. E, para piorar, as
vagas em cargos públicos tem sido preenchidas por pessoas formadas em qualquer
área do conhecimento, independentemente de estarem ou não ligadas à Biologia. Como
é o caso do IBAMA, por exemplo, em que, para o preenchimento de vagas no cargo
de Analista ambiental, é exigido apenas a apresentação de diploma de conclusão
de curso de graduação de nível superior em qualquer área do ensino. SIM! ISSO É
REAL! Ou seja, um profissional formado por um curso de Biologia, com aproximadamente
3600 horas de conteúdo, voltados, principalmente, a áreas como Zoologia,
Botânica, Biodiversidade, Comportamento Animal, entre outras, tem a mesma
aptidão que um profissional formado nas áreas de Humanas ou Exatas, por
exemplo, para ocupar o cargo de Analista ambiental do principal órgão do país
que fiscaliza a preservação e a conservação do patrimônio nacional!
De quem é a culpa? Falta postura de parte
dos nossos Conselhos Regionais e do Conselho Federal da Biologia para reverter
esse quadro? O biólogo, profissional de amplo conhecimento e produção
científica (basta ver a quantidade de prêmios Nobel de Fisiologia ou Medicina entregues
a profissionais desta área, inclusive os do ano passado – 2013), estaria mesmo
sendo excluído deste cenário por seus competidores de mercado?
“Por Darwin” ... espero que não!